domingo, 11 de janeiro de 2009

Um encontro já tradicional: TOUROS 2009.

Caros amigos.

Um evento que começou em 2006 como uma singela comemoração do aniversário do nosso amigo Adolpho Pereira, a festa de Touros vem batendo recordes a cada ano tanto de público como no número de aeronaves. A partir de 2007, Tomé juntou-se a Adolpho para comemorarem juntos os aniversários e a coisa foi tomando corpo. Nesta quarta edição foram nada menos que 44 aeronaves entre homologados, experimentais e helicópteros que acorreram ao evento. Mas isso não é motivo de surpresa pois a organização, as características do local e a recepção dos anfitriões fascina a todos. Hoje reputada como a melhor festa aviatória do nosso calendário local confirma que ninguém do Maranhão à Bahia consegue fazer um evento mais agradável que este. Churrasco da melhor qualidade, cerveja gelada, cachacinha da boa e muita, mas muita mentira rolando o dia inteiro, rsrsrsrs. O nosso grande Cmte. Gama, que foi pela primeira vez ao evento, comentou: “nunca havia visto uma festa com tamanha confraternização, alegria e companheirismo”. Pois é essa a magia da Fazenda Bebida Velha no município de Touros-RN. Como todos que vão lá tem que ficar concentrados em um mesmo ambiente, a turma não se dispersa e todos interagem com todos criando um clima de total harmonia. Realmente fascinante!

Mas o evento não foi só brincadeira. Este ano tivemos a oportunidade de assistir uma palestra sobre segurança de voo proferida pelo Brig. Sabino, contribuindo para o aprimoramento técnico de todos os presentes. Defendo que essas palestras deveriam fazer parte de todos os nossos encontros para que pudéssemos através disso elevarmos o nível de pilotagem e de consciência de todos, afinal disso depende o crescimento e a continuidade de nossa atividade. Mesmo porque qualquer acidente com um de nós será motivo de muita tristeza e retrocesso para nosso meio. Mas vamos ao relato.

Durante a semana que antecedeu o evento, Francisco (Chico) Oliveira me ligou convidando para ir a Fortaleza de Skylane e é claro que aceitei, rsrsrsr. Durante a viagem ele acabou me convencendo a ir a Touros já na sexta à tarde. Como ninguém aqui de Campina Grande podia ir neste dia, liguei prá Biuzinho e ele me falou que já estava certo de ir também na sexta-feira. Combinamos dele passar por aqui e daí irmos juntos. Marcamos às 15:00 horas e pontualmente no horário combinado ainda estou terminando meus preparativos e vejo livrando a 10 para o pátio do Aeroclube o Vimana R-12 Branco e vermelho de prefixo PU-BIA. O cara é um verdadeiro Inglês nos tratos (vá aprendendo Faruk, rsrsrsr).

Tudo pronto e às 18:18 UTC estava decolando com proa 036 para Fazenda Bebida Velha (SNZO). Sintonizo a Radio Campina Grande em 125,90 para plano afil, solicito FL 055 e sou autorizado com transponder 5100. Biuzinho decola logo em seguida e vamos nos aproximando. O ar está um pouco turbulento, mas nada demais para esta época. O nível solicitado coincide com a base da camada que estava 4/8 e nos faz fazer alguns pequenos desvios de rota, e vamos balançando ao sabor dos ventos sobre a Serra da Borborema. O limite da serra coincide com a fronteira entre os estados da Paraíba e Rio G. do Norte e coincide também com o limite da Terminal Natal. Entro em contato com o Controle Natal em 119,65 e o controle nos informa contato radar, inclusive perguntando se estávamos voando em ala. Não estávamos, mas mesmo assim Biuzinho resolveu se afastar o que em muitos momentos me fez perder o visual com sua aeronave.

A diferença de relevo entre um estado e outro é bem marcante sendo a Paraíba bem acidentada e o RGN bem plano. O ar que antes estava turbulento alisou e o vento mudou de través para vento de cauda que chegou em alguns momentos a 20kts. Escuto JC já abandonando a frequência para pouso. Natal é avistada no través direito e escuto Biuzinho informar que está iniciando descida. Chico Oliveira entra na freqüência do Controle Natal e informa passando o través de Baía Formosa. Na vertical de Taipu inicio a descida vendo o PU-BIA à minha direita um pouco à frente e já mais baixo. Em seguida avisto a pista de Maxaranguape e logo observo os enormes pivôs da Faz. Bebida Velha. Biuzinho ingressa na perna do vento e vou matando a velocidade para entrada no circuito de trafego de SNZO. Já na final observo o PU-BIA livrando a 14 no final da pista em direção ao pequeno pátio defronte ao hangar. A pista é enorme: 1200 mts, de grama e um trator finaliza os trabalhos de poda. Vou me mantendo voando para não ter que fazer esse taxi enorme até que uns 400 mts antes do final, tiro motor e o FK-9 toca o solo de forma suave apesar de ter enfrentado umas rajadas bem fortes no inicio da final pois esta região é uma das que mais venta no Brasil. Vou taxiando e já vejo os aviões dos mais apressados: o Fascination de Tomé, o Pelican de Dr. Paulo Meireles e o RV-9 de JC. Caramba, somos os primeiros a chegar na festa e com um dia de antecedência! Em seguida chega Chico no RV-9 PU-JOB. O prefixo de Chico (JOB) foi escolhido a dedo, ele só trabalha quando está voando, e se ele só trabalha quando está voando, quando será que ele trabalha? Hehehehe. Foram exatos 73 minutos para cobrir as 115 nm entre SNKB e SNZO o que dá uma média de quase 107 kts. Excelente!

Vista da sede da Faz. Bebida Velha.

Quando chegamos o pessoal já estava pronto para ir tomar um banho numa lagoa próxima: Lagoa do Côco. Nesta região existem muitas lagoas e esta é enorme, mas como estava ventando muito o pessoal que teve coragem de tomar banho saiu logo por conta do frio. Voltamos prá fazenda e o jantar já foi logo sendo servido. Mais um momento de muita brincadeira e descontração com as infinitas piadas e gracejos de Chico. Após o jantar muuuuuuita conversa até 01:00 da manhã, quando finalmente fomos dormir.


Pela manhã acordamos cedo e aquela visão magnífica de abrir a porta e nos depararmos com nossas aeronaves. Um show por si só. Café da manhã com Zenilma, esposa de Adolpho, se desdobrando para cuidar dos últimos detalhes da festa e ainda por cima nos paparicar. Um exército de pessoas a arrumar as coisas e passamos a nos concentrar nos preparativos para a coordenação e recepção dos colegas aviadores.


Barraca do "controle".











Armamos ao lado da pista uma barraca que servia de apoio à coordenação de voo, com o Parafina na fonia. Eu me encarreguei da arrumação das aeronaves ao lado da pista e fomos recebendo nossos amigos em seus pássaros, uns discretos e silenciosos outros barulhentos, rasgando o silêncio daquele cenário bucólico. Um a um foram chegando até que aparece um pássaro azul escuro rugindo, soltando fumaça e fazendo evoluções no ar. Manobras perfeitas, macias, um balé de uma volúpia quase erótica. Todos se encantam. É o Brigadeiro Sabino! alguém comenta, e Almir arranja um pedaço de plástico que usa como tapete vermelho para receber o ilustre convidado. Um show!










Aos poucos vamos nos reunindo nas mesas postas sob duas fileiras de Nin, árvores indianas que Adolpho importou para testar suas características vermífugas e carrapaticidas. Logo somos convidados para a palestra do Brig. Sabino que foi realizada no hangar. O tema da referida palestra referiu-se à Prevenção dos Acidentes Aéreos. O que devemos e o que não devemos fazer para evitarmos nos envolver em situações de risco. Cabe a cada um de nós analisarmos o que temos feito de errado para em corrigindo práticas errôneas possamos nos aprimorar como aviadores. Depois da palestra começa a festa, com muita comida, muita bebida e papo saudável.






























































Chega a hora de cantar os parabéns dos aniversariantes e chamam Íris a esposa de JC para apagar as velas já que ela completaria ano no domingo. Tomé que foi surpreendido no ano passado se afasta um pouco bem como Adolpho, mas a bola da vez não desconfia e cai na cilada... Quem terá sido o autor do crime? Rsrsrsrsr. A charada pode ser descoberta pelas fotos. Quem for observador irá descobrir... A festa rola solta, mas muitos que vieram para voltar no mesmo dia já se preparam para retornar às suas bases. Para os que ficaram, o papo vai até a meia-noite.
























Na manhã de domingo por volta das 9:00 local os remanescentes começam a decolar. Uns para Fortaleza, outros para João Pessoa e sou convidado por Adolpho para abrir a enorme caixa do Sportsman que chegara ainda esta semana e estava no fundo do hangar. Como perder essa oportunidade? Resolvo ficar para matar minha curiosidade, pois acompanho essa compra desde abril em Lakeland. Fomos desmontando a caixa e retirando todos os pacotes com milhares de peças de um quebra-cabeças gigante.






Com tudo inspecionado, já abastecido com mais de 4 horas de autonomia, me despeço de Adolpho e Zenilma e exatamente às 14:45 zulu ou 11:45 local vou deixando a Bebida Velha de volta prá casa. Feliz e surpreso com a evolução de nossa aviação experimental. Parabéns Adolpho, Tomé, Íris e parabéns a todos nós que fazemos parte dessa maravilhosa e cada vez maior FAMÍLIA AERODESPORTIVA!