Caros amigos.
Neste último sábado, 08 de novembro de 2008 fizemos um passeio legal. Durante a semana, falando com Roberto Dantas, ele me convidou para irmos almoçar na Usina União que fica no município de Primavera, perto de Escada, a sudoeste de Recife. Alguns dias depois, acho que na quinta-feira, Pedro me ligou de Recife “botando fogo na caieira” como se diz por aqui por nossas bandas, ou seja: me incentivando a irmos almoçar lá na Usina, já que ele tem negócios com o pessoal de lá bem como Roberto e Gregório. Depois de dar uma olhada no Google Earth onde peguei as coordenadas e a altitude da região da Usina, fui ao Track Maker para fazer um rápido plano de vôo. A distância que encontrei foi de 79 nm. Pô, pensei, sou louco por conhecer lugares diferentes, acho que vale dar uma esticadinha até essa pista e marcar na caderneta mais um waypoint visitado.
Após mais algumas conversas, acertamos que Roberto levaria seu pai Gregório, Lincoln iria comigo e Juan levaria um amigo. Marcamos a hora provável de decolagem: sábado às 9:00.
Na sexta-feira à noite, preparei o plano de vôo, plotei os waypoints nos GPS’s, imprimi a carta à partir do Track Maker e imprimi também o “calunga” como sempre faço e fui dormir. Pela manhã acordei pelas 5:30 e quando estava tomando meu café da manhã, Lincoln me liga dizendo que iria se atrasar um pouco pois ainda teria que passar na Clínica para resolver algumas coisas. OK, fiquei aguardando e às 9:00 em ponto ele me pegou para irmos ao Aeroclube. Ao chegarmos, o pessoal já estava quase pronto para decolar. Abasteci, coloquei os GPS’s no painel, fiz a inspeção externa e puxamos o PU-WAB prá fora do hangar. Como o pessoal já estava pronto, Roberto e Juan já foram acionando e o primeiro a taxiar para a cabeceira 10 foi Roberto com Juan dirigindo-se ao ponto de espera. Acionei e assisti a decolagem de Roberto, enquanto Juan ingressava para a 10. Após a decolagem de Juan ingressamos e enquanto ia checando tudo e preparando o check de decolagem, ofereci a perna para Lincoln que de pronto assumiu os comandos. Alinhamos e após uma corrida de uns 300 mts, as rodas do FK-9 deixavam de tocar o solo. Neste momento olhei o relógio do painel e verifiquei: 10:10 exatamente. Legal! Uma hora redonda é mais fácil para navegar, né mesmo? Inicialmente, havíamos combinado o FL 055, mas como a camada já estava alta e bem esparsa, preferimos solicitar o FL 075. Fomos subindo devagarzinho e no bloqueio de Queimadas, vamos escolhendo o melhor trajeto para passarmos para cima da camada que estava a 6000 pés e com quantidade 4/8. E agora já estabilizados, lá vamos nós sobre aquele tapete rendado de nuvens num vôo liso como se estivéssemos na nossa sala de estar e eu apenas conferindo as referências visuais e parâmetros do motor. Realmente estava precisando de um vôo lisinho assim, pois ultimamente todas as minhas viagens tem sido muito complicadas com relação à meteorologia, pois sempre tenho me deparado com bastante turbulência e ventos muito fortes. É interessante como o clima está esquisito em nossa região. Este ano o período de chuvas foi muito prolongado e a época dos maiores ventos que sempre acontecia no mês de agosto, tem se mantido até agora em novembro. Muito esquisito!
Pelo nosso plano de vôo nossa proa era 175° e neste momento a componente de vento era de 10 a 12 nós bem de proa o que mesmo a 7500 pés nos dava apenas 90 a 95 knots de VS, mas tudo bem. Na volta se o vento se mantiver ganharemos esses 10 knots, pensei. E fomos avançando: Gado Bravo, Passira, cidadezinhas do interior no nosso Nordeste e já avistamos a BR 232 que liga Recife a Caruaru. Um pouco antes da BR, iniciamos a descida pois já estávamos a 20 nm do destino e logo após, avistamos no través direito a pista do Sítio de Vôo de Chã Grande do nosso amigo Francisco Oliveira. Já pousei nessa pista que tem uma característica muito interessante: pelo fato de sua fazenda se situar em uma região de relevo bastante complicado e inspirando-se em Courchevel na França e em Lukla no Nepal, resolveu construir sua pista no único lugar onde dava prá pousar uma aeronave. A inclinação da pista é muito grande (uns 10°, acho) e pousa-se em uma cabeceira e decola-se da oposta. A aproximação pra pouso nessa pista é bem diferente, pois por mais que se entre bem raso, a pista vai se aproximando numa angulação muito estranha prá quem não está acostumado e sempre se dá uma placadinha no toque, e ao se tocar, o avião pára em poucos metros por conta da inclinação. Já a decolagem é feita com vento de cauda, por isso é necessário aplicar potência máxima com o avião “nos calços” e soltar o bicho ladeira abaixo até que nos vemos lançados num abismo com o avião ainda meio mole por causa da baixa velocidade relativa. Bem emocionante, mas ainda seguro!
As saudações de praxe, com Pedrão já nos esperando (o cara “tocou fogo” e acabou indo de carro, pois no fim de semana o Aeroclube de Pernambuco foi interditado para uma Prova de Arrancada e ele não pode decolar), para nos apresentar aos simpáticos Dr. Ilvo, Jair e Alexandre, seus filhos e proprietários da Usina União. Papo vai, papo vem, enquanto Jair iniciava um vôo com Roberto, e Alexandre voava com Juan no PU-FBA, o Dr. Ilvo, piloto das antigas, nos falava do Cessna Skylane 182 e do Seneca II que possuiu e os quais pilotava, e do seu encantamento com o desenvolvimento dos nossos ultraleves, pois como falou, antes de nós pousarmos ele achava que éramos uns malucos prá voar de Campina Grande até ali em “ultraleves”, ou seja, a população em geral não conhece muito bem o nosso meio, tanto que na volta dos vôos, os dois irmãos voltaram maravilhados e com a idéia de comprarem aeronaves como as nossas para usarem como ferramenta de trabalho. Ótimo, né mesmo?
Depois do almoço fomos visitar as instalações da Usina e a Usina de Mariquita, uma pequena hidrelétrica que fica perto da pista de pouso.
3 comentários:
Cmte. Ricardo, que local bonito!!
Parabéns pelo voo numa região tão bonita e pela reunião entre amigos.
Belo vôo Ricardo.
Abraço.
Ricardo adorei seu blog muitas fotos lindas e muta aventura boa.
boa sorte.
beijo grande
salete
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